sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Eleições e Consciência Política

Quando completei 18 anos, meu pai avisou-me: "tem que tirar o título, é obrigatório votar!".
Nunca me interessei genuinamente por esse assunto: política. Nas urnas, meu candidato mesmo sem ter partido e sem fazer campanha, era o Branco.

Lembro ainda criança, a postura dos meus pais na hora da veiculação da propaganda eleitoral na tv: deixavam o volume em "0", e eu ficava olhando, imaginando o que tanto eles falavam, gesticulavam... um candidato marcante para mim (e certamente para você também, caro leitor) foi aquele do famoso jargão "Meu nome é Enéas!!", uma figura caricaturável e hilária. Perguntava-me se tratava-se de uma brincadeira ou ele falava sério nas poucas vezes em que curiosa e sozinha na sala, aumentava só um pouquinho o volume da tv para escutar a figura excêntrica.

Ouvi muito falar da importância do voto, que é um direito e um dever de todo cidadão, o símbolo da conquista da democracia no país, conseguida árdua e heroicamente pelos mártires dessa nação, e portanto, um ato que depende de uma consciência política desenvolvida como forma de fazer valer a vontade da população, pois o termo democracia, na sua origem em latim, significa o
povo no poder. E é através do voto, que o povo exerce esse poder, o poder da escolha de um representante que estará defendendo seus interesses no governo.

Na última eleição, dando-me conta da postura adotada, herdada dos meus pais, negando-me a ouvir as propostas dos candidatos, quebrei esse paradigma e sentei-me em frente à TV, com muito boa vontade, acomodada no sofá e muito atenta e após quase 1 hora assistindo, entendi algumas questões.
O mesmo fiz esse ano, como uma tentativa de formar minha opinião finalmente, o que foi decisivo.

Agora, eu entendi que o Brasil é um país realmente incrível!! Ficou claro por que as coisas continuam iguais ou pioram, ainda que se mude toda a bancada governista. A explicação está nos candidatos e assustei-me ao ver que, nunca antes, na história desse país, houve tantos candidatos "diferentes".
Cantores, jogadores de futebol, pugilistas, dançarina (o?) de pagode, apresentadores de tv, cantoras de funk, mulheres frutas, humoristas, estilistas, evangélicos e etc..

Entendi que democracia é o povo no poder literalmente!!
Que consciência política consiste meramente em perceber que vale tudo e todos. Que qualquer um pode ser candidato e é melhor que concurso público: não é necessária qualquer qualificação a não ser ler e escrever e oferece altos salários.
O mais importante, não são mais as propostas e sim, a criatividade, o jingle.
Diante disso, já estou considerando seriamente a possibilidade de candidatar-me nas próximas eleições e como diria certo candidato à deputado federal: pior que tá não fica.